Terceiro tema abordado pelos posts, trata-se de um assunto que preocupava tanto a população, quanto as autoridades na metade final do século XIX: as epidemias. A principal epidemia que acometeu os habitantes do Rio de Janeiro foi a febre amarela. Enquanto outras cidades do mundo sofriam deste mal nas décadas de 1850 e 60, o Rio ainda não tinha registrado muitos casos.
Entretanto, nos primeiros verões da década de 1870, a cidade seria abalada pela febre. Fato curioso: morriam mais estrangeiros, os negros sobreviveram melhor aos primeiros anos da doença. Estes eventos devastadores ocasionaram a criação, por parte do governo imperial, das Juntas de Higiene, que tinham por objetivo, solucionar o problema das doenças.
A estrutura urbana da cidade era extremamente complicada. Repleta de vielas, e casas amontoadas, servia (segundo a concepção dos médicos da época) como propagadora de doenças, já que “o ar limpo não podia circular”... aí se vai a derrubada do Morro do Castelo (mas isso é assunto pra outro post)!
A reflexão deste é a seguinte: tendo por auxílio, primeiro um trecho de “O Cortiço” de Aloísio Azevedo, que relata a construção das moradias populares, e um pequeno informativo do site da FIOCRUZ que nos traz dados acerca das epidemias da época, imaginem-se moradores dos cortiços que sofriam com a febre amarela. Apresentem então, em forma de crônica, soluções para o problema. A solução dos médicos e administradores é conhecida, e é tema do próximo post.
[1] Trecho de “O Cortiço” de Aloísio Azevedo, 1890
“(...)Nada lhes escapava, nem mesmo as escadas dos pedreiros, os cavalos de pau, o banco ou a ferramenta dos marceneiros.
E o fato é que aquelas três casinhas, tão engenhosamente construídas, foram o ponto de partida do grande cortiço de São Romão. Hoje quatro braças de terra, amanhã seis, depois mais outras, ia o vendeiro conquistando todo o terreno que se estendia pelos fundos da sua bodega; e, à proporção que o conquistava, reproduziam-se os quartos e o número de moradores. pág.2-3
(...)
Não obstante, as casinhas do cortiço, à proporção que se atamancavam, enchiam-se logo, sem mesmo dar tempo a que as tintas secassem. Havia grande avidez em alugá-las; aquele era o melhor ponto do bairro para a gente do trabalho. Os empregados da pedreira preferiam todos morar lá, porque ficavam a dois passos da obrigação.” pág.7
[2] Foto de um cortiço do século XIX

[3] Trecho do resumo sobre febre amarela disponível no site da FIOCRUZ: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1490&sid=9
“Segundo estimativas, atingiu 90.658 dos 266 mil habitantes do Rio de Janeiro, causando 4.160 mortes, de acordo com os dados oficiais, ou até 15 mil vítimas, segundo a contabilidade oficiosa. Foi então constituída a Junta de Higiene Pública, que em 1886 transformou-se em Inspetoria Geral de Higiene e Inspetoria Geral de Saúde dos Portos.
Os higienistas iniciaram então o seu programa, que contemplava amplo repertório de ações destinadas a reformar tanto a paisagem natural da cidade como práticas, hábitos e criações de seus moradores. Puseram em evidência a maior parte dos nós górdios que os engenheiros tentariam desatar. A cidade edificada sem método e sem gosto deveria ser submetida a um plano racional que assegurasse a remoção dos pobres da área central, a expansão para bairros mais salubres, a imposição de normas para tornar mais higiênicas as casas, mais largas e retilíneas as ruas etc.” (ag. Fiocruz de noticias)
[4] Combate à febre amarela com fumaça (1900):
