A chegada da Corte, em 1808, produziu inúmeras transformações na cidade do Rio de Janeiro. História conhecida, frase batida. Biblioteca Nacional, Banco do Brasil, “bota-fora”. São algumas das intervenções e expressões que advêm dessa época e que marcaram presença na história carioca. Entretanto, não só de construções se edificou a “Mui Leal e Heróica cidade de Sam Sebastiam do Rio de Janeiro”.
Uma cidade se faz de pessoas, que trabalham, que comem e dormem. Assim, se construiu a cidade do Rio, a custa do trabalho dos jesuítas, dos escravos, dos portugueses, dos mulatos, dos homens livres e pobres, dos imigrantes. Num primeiro momento, a intenção deste post é, especialmente, mostrar a ocupação urbana num espaço e tempo definidos: a alocação do Palácio Real na Quinta da Boa Vista e a ocupação da Cidade Nova. Para isso selecionamos fotos e textos que contam um pouco da história dessa região.
O segundo momento será feito por vocês, estudantes. Através da leitura, e das idéias que elas provocam (ou não!) relembrem outros tipos de ocupações (através dos comentários), em outras épocas, os impactos produzidos sobre a paisagem, a sociedade e a cultura carioca.
Pequeno resumo cronológico da ocupação da Quinta:
“Nem bem ainda o Regente se havia instalado no Paço dos Vice-Reis, eis que um rico comerciante português, Antonio Elias Lopes, presenteou sua alteza com uma chácara de sua propriedade, situada em São Cristóvão, em terreno da antiga sesmaria dos Jesuítas. A casa possuía cãs própria, recém-construída e ainda não habitada, e se erguia pitorescamente, em suave colina de onde se descortinava linda vista para o mar. Era então a melhor casa da cidade.
(...)
O aterrado povoava-se de casas constituídas de sobradões, já que os súditos portugueses preferiam ali residir devido À sua proximidade ao Paço Real da Boa Vista. Em pouco tempo havia-se estabelecido continuidade urbana entre o centro da cidade e, até há pouco isolada, quase ilhada, Quinta da Boa Vista.
(...)
O novo bairro, que surgiu, tomou o nome de Cidade Nova, devido às suas magníficas construções de grandes fachadas. Por sua vez, as ruas de S. Pedro e do Sabão foram sendo prolongadas além do campo de Sant’Ana, margeando os dois lados do aterrado...”
BARDY, Claudio “O século XIX” in SILVA, F. Nascimento (org.) Rio de Janeiro em seus Quatrocentos anos. Rio de Janeiro: Record, 1965. pp127-8.
“Nem bem ainda o Regente se havia instalado no Paço dos Vice-Reis, eis que um rico comerciante português, Antonio Elias Lopes, presenteou sua alteza com uma chácara de sua propriedade, situada em São Cristóvão, em terreno da antiga sesmaria dos Jesuítas. A casa possuía cãs própria, recém-construída e ainda não habitada, e se erguia pitorescamente, em suave colina de onde se descortinava linda vista para o mar. Era então a melhor casa da cidade.
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O aterrado povoava-se de casas constituídas de sobradões, já que os súditos portugueses preferiam ali residir devido À sua proximidade ao Paço Real da Boa Vista. Em pouco tempo havia-se estabelecido continuidade urbana entre o centro da cidade e, até há pouco isolada, quase ilhada, Quinta da Boa Vista.
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O novo bairro, que surgiu, tomou o nome de Cidade Nova, devido às suas magníficas construções de grandes fachadas. Por sua vez, as ruas de S. Pedro e do Sabão foram sendo prolongadas além do campo de Sant’Ana, margeando os dois lados do aterrado...”
BARDY, Claudio “O século XIX” in SILVA, F. Nascimento (org.) Rio de Janeiro em seus Quatrocentos anos. Rio de Janeiro: Record, 1965. pp127-8.

Jornal da “Viagem para o Brasil” por Maria Graham (1824).
Trecho de “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antonio de Almeida, 1853:
Capítulo IV Fortuna
“(...)Lá para as bandas do mangue da Cidade Nova havia, ao pé de um charco, uma casa coberta de palha da mais feia aparência, cuja frente suja e testada enlameada bem denotavam que dentro o asseio não era muito grande. Compunha-se de uma pequena sala e um quarto; toda a mobília eram dois ou três assentos de paus, algumas esteiras em um canto, e uma enorme caixa de pau, que tinha muitos empregos; era mesa de jantar, cama, guarda-roupa, e prateleira. Quase sempre estava essa casa fechada, o que a rodeava de um certo mistério. Esta sinistra morada era habitada por uma personagem talhada pelo molde mais detestável; era um caboclo velho, de cara hedionda e imunda, e coberto de farrapos. Entretanto, para a admiração do leitor, fique-se sabendo que este homem tinha por ofício dar fortuna!
Naquele tempo acreditava-se muito nestas coisas, e uma sorte de respeito supersticioso era tributado aos que exerciam semelhante profissão. Já se vê que inesgotável mina não achavam nisso os industriosos.
E não era só a gente do povo que dava crédito ás feitiçarias; conta-se que muitas pessoas da alta sociedade de então iam às vezes comprar venturas e felicidades pelo cômodo preço da prática de algumas imoralidades e superstições. (...)”
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias. São Paulo: Objetivo, 1997. pp.19
Capítulo IV Fortuna
“(...)Lá para as bandas do mangue da Cidade Nova havia, ao pé de um charco, uma casa coberta de palha da mais feia aparência, cuja frente suja e testada enlameada bem denotavam que dentro o asseio não era muito grande. Compunha-se de uma pequena sala e um quarto; toda a mobília eram dois ou três assentos de paus, algumas esteiras em um canto, e uma enorme caixa de pau, que tinha muitos empregos; era mesa de jantar, cama, guarda-roupa, e prateleira. Quase sempre estava essa casa fechada, o que a rodeava de um certo mistério. Esta sinistra morada era habitada por uma personagem talhada pelo molde mais detestável; era um caboclo velho, de cara hedionda e imunda, e coberto de farrapos. Entretanto, para a admiração do leitor, fique-se sabendo que este homem tinha por ofício dar fortuna!
Naquele tempo acreditava-se muito nestas coisas, e uma sorte de respeito supersticioso era tributado aos que exerciam semelhante profissão. Já se vê que inesgotável mina não achavam nisso os industriosos.
E não era só a gente do povo que dava crédito ás feitiçarias; conta-se que muitas pessoas da alta sociedade de então iam às vezes comprar venturas e felicidades pelo cômodo preço da prática de algumas imoralidades e superstições. (...)”
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias. São Paulo: Objetivo, 1997. pp.19

Chegada da Corte à Bahia - Portinari
Conforme o texto apresenta, com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, muitas mudanças foram feitas (políticas ou territoriais). Devemos também dar uma significativa ênfase em um fato mencionado, em que um fidalgo portugues rico doa uma parte de suas terras, que pertenciam aos jejuitas que era muito comum nessa epoca. Para se ter terras herdava-se ou eram doadas. Além disso, ao chegarem, muitas casas foram feitas, novos locais, praças, etc para que a colonia portuguesa se tornasse cada dia mais parecida com os locais europeus. O fato do Brasil ter tido um povoamento desordenado desde essa época, refletiu nos dias de hoje varios dos problemas de habitaçao que encontramos ao longo de todo nosso territorio e principalmente no Rio de Janeiro.
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